Na segunda-feira passada acordei sob o efeito de um sonho muito vívido. A baixa de Lisboa estava inundada. Água num tom azul oceânico cobria todas as ruas até ao telhado das casas. A água tinha tomado conta da cidade como se aquele fosse o seu território. Perplexa eu perguntava-me: quando é que a água vai baixar? Na cena seguinte as bactérias falavam comigo e mostravam-me que elas não tinham o que comer no mundo dos humanos. A única coisa que lhes restava eram fezes, que elas podiam comer, mas que não gostavam. Por isso as águas tinham inundado a cidade.
Nesse dia à tarde facilitei uma sessão individual. A cliente é também uma amiga querida e eu dei por mim a contar-lhe apaixonadamente das minhas recentes experiências com alimentos fermentados e o mundo dos micróbios. Por inspiração dos livros sobre a Anastasia começo a sintonizar-me com esses pequeninos seres e isso espelhou-se no sonho que tive.
“Estou fascinada... porque este era o tema que eu trazia hoje para a sessão!” – disse a cliente. Ela estava com distúrbios intestinais, diarreia severa e flora intestinal desequilibrada. A cliente dizia: “a água move-se nos intestinos, ouço água a cair como se fosse uma represa. Eu não bebo muito... não sei de onde vem tanta água.”
“Estou cansada de médicos! Cada um tem a sua teoria, cada um diz uma coisa diferente..., mas nada resolve.” – continuou.
Eu estava espantada com o paralelismo entre o processo dela e o meu sonho. Então perguntei-lhe:
- Cada médico diz uma coisa diferente..., mas o que é que as bactérias do teu intestino dizem?
O processo que se desdobrou a seguir foi muito belo. Ela conseguiu entrar mais em contacto com a experiência direta do seu corpo e pouco a pouco começou a emergir uma comunicação. “Cada parte do corpo responde!”, dizia a cliente com espanto.
Dois dias depois, o espanto era meu pelo dejá vu! Na quarta-feira facilitei uma sessão individual a outra pessoa. O desafio desta cliente era conseguir cuidar mais de si: “Falta exercício, alimentação, meditação. Falta inserir na minha vida o que me faz bem”. A pessoa sofre de algumas compulsões alimentares que ainda não superou e sente que dessa forma está a fazer mal a si própria.
À medida que explorávamos o tema, as mãos dela iam para o abdómen: “Tenho 10kg a mais, todos na zona do abdómen. Isto é um peso que eu carrego.”
Pouco a pouco ela conseguiu entrar mais e mais em contacto direto com o seu corpo: “estou a sentir uma parte de mim que eu quase não sabia que existia!” E naturalmente começou a emergir o diálogo:
- O que é que essa zona do corpo te diz?
- Não sei.
- E tu, o que tens para lhe dizer?
- Quero que eles me ajudem a repôr a harmonia com o meu corpo.
- “Dá-nos descanso.”
A resposta dos intestinos e do estômago emergiu com clareza. Eles pediam descanso e deram instruções claras daquilo que era necessário a pessoa fazer: o que comer e beber, como e quando.
- “Faz isto durante uma semana e depois falamos.”
Ao testemunhar o processo destas duas pessoas, a sensação que me chegava era de re-integração do Ser. Um grande paz. A mente – corpo – coração harmonizados e envolvidos num mesmo campo de Consciência.
“Sinto mesmo isso, Cristina, que és uma testemunha. Sinto que estás comigo dentro do processo, como se o processo acontecesse em ti também. É como se estivessemos a meditar em conjunto.”
Cristina Coutinho - Facilitadora de Processo [+]